O título não é sem propósito. O que aqui escrevo justamente não é aconselhado pelos médicos, é uma atitude tomada após uma reflexão pessoal que tem um preço que preferi pagar pela escolha, por apostar na tentativa e erro. Cada pessoa reage de forma diferente a tratamentos diferentes, e creio, há casos onde cada um tem consciência de si, como há outros em que talvez infelizmente o paciente já tenha perdido essa prerrogativa e dependa realmente dos outros para correr atrás da tão sonhada melhora. O fato é que após cinco dias, concluí que apesar de estar muito mal ao procurar um médico para tratamento, certamente ainda estava muito melhor do que agora, com essa medicação - Cloridrato de Venlafaxina, 75 mg.
Sim, existe a tal "fase de adaptação", pela qual é necessário passar, onde vários efeitos colaterais são relatados como enjoos, distúrbios de sono, tonturas, vertigens e que exige uma boa dose de paciência e disciplina da parte de quem se dispõe ao tratamento medicamentoso.
O fato é que nem de longe e nem em meus sonhos mais malucos imaginei passar pelo que passei esta semana. Uma semana totalmente inutilizada. Por conta justamente destes efeitos a médica pediu afastamento de cinco dias pois seria extremamente difícil passar pela adaptação no ambiente de trabalho. Dirigi-me a um médico por simplesmente não estar mais conseguindo lidar com a ansiedade. Estava levando vida "normal", com a diferença de que o alerta andava ligado: já acordava com o pé no acelerador - taquicardia, respiração rápida e ofegante, tolerância a mais nada, só que já com reflexos na saúde física. Antes que isso se transmutasse em danos maiores, tentei "estancar a goteira antes que a represa ruísse". Ledo engano, existe sim coisa pior.
Como não sou profissonal, não arrisco a dizer se foi a dosagem, se foi o remédio, se foi tudo junto, afinal cada organismo tem uma forma de reagir às mesmas substâncias. O fato é que cheguei a achar que teria cinco dias para além dos ajustes, tentar colocar a cabeça no lugar, mas vivi uma experiência horrível porém que me trouxe sim, a muitas reflexões.
Do primeiro para o segundo dia cheguei a perder um quilo pelo fato de não conseguir ingerir nada devido aos enjoos fortíssimos. A tontura me fazia sentir um daqueles bonecos joão-bobo e o sono era algo incontrolável. Passei poucas horas acordada no restante dos dias, e das poucas, sempre tonta, boca seca, visão totalmente perturbada. Já houve situações onde apelei para a medicação por simplesmente não conseguir mais sair da cama ou por meus pés na rua, tal a situação deplorável em que me encontrava, e desta vez não. Estava mal mas ainda andava com minhas pernas e o que me pôs em situação deplorável foram os "remédios". Por volta da quinta noite, além de tudo isso, tive uma sensação de desespero que me levou a passar a noite em claro, assustada, mas era um medo anormal, algo pelo qual não havia passado. Poderia dizer, algo sombrio mesmo. Não é algo fácil quando se vive sozinho. Tenho pessoas próximas preocupadas e dedicadas, claro, mas não é o mesmo que ter o apoio de alguém 24h, e isso, esquece! Foi a gota. Decidi no sábado não mais tomar essa medicação e procurar uma outra alternativa.
Agora entra o tal "preço" que falei, afinal, ninguém simplesmente decide voltar atrás e sai ileso. O preço foi aguentar no máximo umas duas horas na festa de aniversário do meu irmão, sair para dormir, dormir mais de 12 horas, levantar ainda com sono, e passar o domingo à tarde com a boca e o rosto dormentes, as extremidades dormentes, tontura, enjoo, que também são sintomas da abstinência, que ainda vão me acompanhar por alguns dias. Sem moto há uma semana e nem sei quando poderei chegar perto dela novamente. Cheguei ao ponto de não conseguir decifrar o letreiro de um ônibus, tamanha visão embaçada. O legal é que tem horas que você se pega rindo sozinho e pelo menos ri da desgraça.
O que temos para a próxima semana então, é tentar armar um plano B. Tentar uma forma alternativa de tratamento. Por enquanto meu propósito é esperar passar esses sintomas da abstinência e ver como fica o comportamento. Diante disso, tentar batalhar apenas uma terapia sem medicamento ou caso não surta efeito, voltar ao médico sugerindo que me repasse a medicação anterior que era em dosagem mínima e que dava uma sensação de melhora, onde a adaptação não era tão abrupta e nem o medicamento parecia uma amarra. Praticamente era imperceptível.
Por mais que estejamos afetados, acredito que conseguimos ter consciência de como reagimos aos tratamentos. Em certas horas, uma "desobediência" também se torna necessária. Na minha visão de mundo, até cabe nas horas muito ruins, a tal "bengala" para ajudar a manter em pé em momentos de extremo desequilíbrio, mas por questões de princípio, não cabem amarras para a alma. Não cabe o "cala a boca e sossega aí", ainda mais para quem sabe como funciona minimamente a indústria farmacêutica e algumas relações promíscuas entre laboratórios e "receitantes". Não acuso o médico que me atendeu (muito bem por sinal), mas também não consigo confiar piamente ao ponto de me entregar às cegas. Sempre tem o pé atrás.
Escrevo consciente de que não tive a paciência de esperar um prazo, no qual talvez a cabo de mais alguns dias, teria a situação "normalizada", mas me assustei demais justamente com a possibilidade de ao fim de alguns dias isso ser "normal". Acredito que força de vontade pode ser algo maior que isso, acredito em outras formas de tratamento que não sejam à base da "porrada". Não descarto o medicamento, somente acho que não podemos aceitar a primeira coisa que nos empurram goela abaixo. Acredito no direito de recusar até achar o mais acertado. Desses cinco dias, o que concluí é que estou com mais garra que nunca para correr atrás do que for preciso, até remédios, por que não? - para voltar ao mesmo estado de bem estar em que vivia antes de passar por essa turbulência. Sim, é mais uma, mas é SÓ mais uma de tantas pelas quais passei, e de muitas outras que ainda virão. Da mesma forma que nunca conseguiram me derrubar, também acredito que não me derrubarão.
Para refletir durante a semana que se inicia, fica esta mensagem de auto-ajuda, que sempre me mantém firme quando tudo parece desabar:
Eu vou é ser feliz!!! |