sábado, 19 de março de 2011

“MORRO DE MEDO DE ANDAR DE MOTO” – PARTE I

Deve ter sido a frase que mais pronunciei na vida. Também só conhecia moto de andar em garupa e também não lembro de nas poucas vezes que andei de moto, ter andado na garupa de gente normal. Se bem que quando era criança dava um dedo para dar uma voltinha nas motos dos tios, sem capacete e sentada no tanque da moto.
Depois disso nunca liguei muito para moto, ainda tem o histórico de perda de amigos jovens em acidentes estúpidos, aí tudo isso desestimulava. Era engraçado, no entanto, que cada vez que eu via uma moto “tipo harley”, aquilo me chamava a atenção de um modo inexplicável, aí eu brincava que quando ficasse rica, teria uma daquelas, mas para andar fora da estrada a 10 km por hora só porque era bonito.
Lá pela década de 1990, trabalhando fora, estudando, com a vida bem atribulada e naquela canseira de fazer tudo de ônibus pensei em financiar uma biz. Estava amadurecendo a idéia quando testemunhei um acidente horrível entre uma moça com uma shadow e um caminhão que criminosamente atravessou a faixa na BR 101 bem na frente dela. Afastei a idéia completamente.
Alguns anos depois, sabendo ser impossível comprar um carro, a idéia começou a martelar novamente, e mais uma vez fui amadurecendo e até pesquisando preços e outra vez presenciei um acidente, ainda mais terrível. Uma caminhonete veio pela BR arrastando uma moto em baixo do para-choque (por uma boa distância, talvez tentando se livrar da moto), e quando esta parou, achei que o motociclista tivesse caído antes e o carro estivesse tentando se livrar só da moto, eis que o motociclista se ergue, estava na moto e debaixo do carro.
Enterrei completamente a idéia de pilotar, aquilo era demais. E digamos que naquela época eu não era exatamente o que dava para se chamar de uma pessoa ajuizada.
Em breve pretendo falar sobre como essas crises de pânico se iniciaram, mas o que vem ao caso para esse texto é que já muito antes de pilotar já passava por esse problema, ou seja, não foi o fato de andar de moto que provocou. Aprendi a andar de moto APESAR do problema. Coisa de gente maluca mesmo.
Voltando ao tema principal, já na estabilidade dos meus trinta e poucos anos, resolvi de vez que ia pilotar e pronto. Que estava pelas beiradas de dormir em pontos de ônibus nos domingos para poder visitar meu pai ou meu irmão, que nem moram tão longe, mas os horários de fim de semana são simplesmente de amargar.
Então decidi que teria uma moto nem que fosse só para ir na casa do meu pai e do meu irmão. Conversei com meu marido e ele curtiu a idéia. Ele também não tinha carteira, aí já os dois se empolgaram para fazer auto-escola (sim, não tínhamos habilitação para pilotar nem sequer um patinete).
Procura daqui, procura dali, comecei a orçar uma biz. Pensei nela porque como “todo mundo tinha uma” achei que fosse a mais barata e tinha a questão de ser econômica. Me espantei com os preços, afinal eu nem gosto do estilo, aí já desanimei um pouco.
Não lembro como, ou onde, se foi na internet ou em panfleto, propaganda, vi a intruder 125 e pensei: bah, é linda e parece com o estilo de motos que acho legal, mas se a biz "mais simples", é tão cara, imagina uma dessas. De qualquer forma resolvi ligar, e me surpreendi com o preço e com as condições de pagamento. Coloquei uma foto dela na imagem do meu msn para olhar para ela todo dia e poucos meses depois ela estava na garagem da casa do meu irmão. Ela foi direto para lá pois não tenho garagem no prédio e não tinha carteira para andar com ela por aí.

Tirei minha primeira habilitação, somente para moto (a história de não conseguir para carro já contei aqui) aos 34 para 35 anos.
Na parte II contarei como foi a adaptação de uma pessoa já de certa idade ao trânsito em veículo considerado perigoso.




Um comentário:

  1. Parabéns moça. Nunca se esqueça de que você é, verdadeiramente, corajosa.

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